Terra de tacacá, murici, taperebá, jambu, bacuri, patauá, bacabá, uxi, sapoti, tucunaré, tucupi, pirarucu, cupuaçu, açaí, andiroba, maniçoba...Terra hospitaleira. Terra de ilhas. Sim, para quem não sabe Belém, capital do Estado do Pará, é formada por um arquipélago metropolitano de 39 ilhas fluviais.
São 1,5 milhão de habitantes, dos quais 60% vivem nessas ilhas.
Águas doces não faltam por aqui. No encontro dos rios Moju, Acará e Guamá, esta cidade mostra a exuberância da floresta amazônica das mais diversas formas. Seja na força das águas, na autenticidade da gastronomia, na identidade do povo. Não é à toa que, em 2015, conquistou o título mundial de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco, em 2015.
Depois de anos, me surpreendo com a evolução da cidade sem perder sua história e sua autenticidade.
Entre praias, caminhadas, visita à Basílica de Nazaré, almoço no Mangal das Garças, passeio de barco, passadinha no Mercado Ver-o-Peso, paradinha no Point do Açaí e final de tarde na Estação das Docas, Belém surpreende.
Turismo em alta
De acordo com a Secretaria de Turismo do Pará, em 2017, o estado recebeu 1.004.011 viajantes, sendo 888.779 turistas nacionais e 115.232 internacionais.
O turismo movimentou aproximadamente R$ 686 milhões e a expectativa é que este número aumente agora com dois novos voos diretos diários inaugurados pela Avianca Brasil neste mês de junho de 2018, que ligam Belém a São Paulo e Brasília.
Melhor época
Belém é um dos principais portões de entrada da Região Norte do Brasil. Tem uma área de 1.065 km², entrecortada por rios, igarapés e canais. O clima é tropical e as temperaturas mais quentes ocorrem de julho a novembro, caracterizado como o verão, onde a temperatura varia entre 26 graus e 38 graus centígrados. É considerada a melhor época.
O "inverno", que é o período mais chuvoso, vai de dezembro a maio, com temperaturas entre 28 graus e 35 graus centígrados. Programe sua viagem.
Com cerca de 40 mil metros quadrados, em pleno centro velho de Belém, está o parque zoobotânico, conhecido como Mangal das Garças.
Esta reserva ecológica reúne centenas de espécies de animais e vegetais nativas da região amazônica.
O passeio é imperdível.
Entre garças, iguanas, guarás e muita verde você nem se lembra que está no centro de uma cidade.
Para ter uma ideia da dimensão, basta subir no Farol de Belém (são 47 metros de altura) e de lá ver o museu da navegação, borboletário, viveiro de pássaros e plantas, restaurante e a lojinha de produtos locais.
Tanto do farol, quanto do mirante a vista para o rio Guamá é incrível.
Há placas indicativas ao longo do passeio.
Reserve uma manhã para conhecer o lugar e aproveite para almoçar no restaurante Manjar das Garças, um dos melhores da capital paraense.
Dica 1: É melhor deixar o passeio para tarde depois de almoçar no Manjar das Garças.
Dica 2: Informe-se sobre o horário que as aves se alimentam a acompanhe o banquete.
É uma verdadeira instituição da cidade. Aberto em 1627, é a maior feira livre a céu aberto da América Latina e uma das mais antigas do Brasil. Dividido por especialidades, tem espaço só para carnes, só para verduras e legumes, só para ervas e “garrafadas” medicinais, só para peixes e mariscos de áreas de manguezais.
Vários tipos de farinha, artesanato, frutas, castanhas, peixes, especiarias, bichos vivos se misturam a barracas que vem comidinhas.
Não espere organização europeia ou limpeza escandinava e divirta-se com a profusão de cores, sabores e aromas conhecidos e desconhecidos.
Não deixe de ir e voltar com castanha do Pará fresquíssima de boa qualidade, licor de cupuaçu, cachaça de jambu, que só existe lá. Funciona todos os dias, dia e noite. Diariamente o mercado movimenta cerca de R$ 1 milhão em mercadorias.
História do Mercado Ver o Peso
A história deste lugar começa no século XVII, quando os portugueses instalam um posto de fiscalização e cobrança de tributos dos produtos chamado de Casa de Haver o Peso, que funciona até meados do ano de 1839. Em 1847, com a demolição da Casa, tem início a construção dos Mercados de Peixe e de Carne. No Ciclo da Borracha, entre o final do século XIX e começo do século XX, a importância comercial de Belém se reflete nas mudanças urbanísticas e arquitetônicas. Ícones da cidade são construídos, como Palácio Lauro Sodré, o Teatro da Paz, o Palácio Antônio Lemos e o Mercado Ver-o-Peso.
A construção do Mercado de Ferro, como inicialmente era conhecido o Mercado Ver-o-Peso, foi autorizada pela lei municipal nº 173, de 30 de dezembro de 1897 e sua edificação, com o projeto de Henrique La Rocque, teve início no ano de 1899. Toda a estrutura de ferro do Mercado, construído a partir de 1899, é trazida da Europa seguindo a tendência francesa de art nouveau da belle époque. O formato atual está numa área de aproximadamente 26 mil metros quadrados que inclui Mercado de Ferro ou de Peixe, o Mercado Municipal de Carne, a Praça do Pescador, a Praça do Relógio, a Praça dos Velames, pelo Palacete de Bolonha, além de duas mil barracas e casa comerciais populares. Hoje todo o conjunto arquitetônico e paisagístico é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Inaugurada no ano 2000, a Estação das Docas definitivamente conquistou moradores e turistas.
O antigo porto de Belém foi transformado em uma bela área de lazer, gastronomia, cultura e eventos diante das águas do rio Guajará.
São aproximadamente 32 mil metros quadrados de antigas docas revitalizadas.
O projeto deu vida nova ao complexo, que reúne centro de entretenimento com bares, restaurantes, lojas, teatro, área de exposições e o terminal de embarque e desembarque de passageiros.
É de lá que saem os barcos para as ilhas próximas, incluindo para a famosa ilha de Marajó. As estruturas de ferro dos galpões usados no porto e trazidos da Inglaterra, foram mantidas e restauradas. Do lado de fora, são guindastes americanos do século XX que dão o charme da decoração.
A Estação das Docas está dividida em três áreas: o armazém 1, chamado de Boulevard das Artes tem lojinhas e quiosques com vários produtos como biojoias, roupas e artesanato regional. O armazém 2, é o Boulevard da Gastronomia. E o armazém 3, é o Boulevard de Feiras e Exposições. Além disso, o complexo turístico tem oTeatro Maria Sylvia Nunes e o Anfiteatro São Pedro Nolasaco.
Dica 1: Para comprar castanhas, licores e cachaça prefira o Mercado Ver o Peso, que está bem do lado da Estação das Docas e tem preços mais em conta.
Dica 2: Prove o sorvete da Cairu. São mais de 50 anos de histórias e uma infinidade de sabores que você dificilmente experimentou. Existem 14 lojas em Belém. A da Estação das Docas é um charme, de preferência no final de tarde vendo o por do sol no Guajará.
Serviço
Endereço: Av. Boulevard Castilhos França, s/n – Campina - Telefone: (+5591) 3212 5525
Horário de funcionamento: segunda a domingo, das 10 às 22hs (restaurantes têm horários diferentes)
Construído no século XVII, no mesmo ano de fundação de Belém o Forte do Presépio também é conhecido como Forte do Castelo. Foi erguido para proteger a cidade de ataques indígenas e de corsários ingleses e holandeses. Inicialmente foi erguido em madeira e palha, materiais abundantes na região.
Depois de inúmeras transformações, foi tombado pala União em 1962. Em 2002, foi revitalizado para se tornar um museu e integrar o Palacete das Onze Janelas, erguido numa área bem ao lado. Tem uma bela vista da Baía do Guajará e do Mercado Ver-o-Peso.
A Casa das Onze Janelas ou O Palacete das Onze Janelas é uma construção do século XVII, no centro histórico de Belém. É um passeio pelo passado cultural do Brasil. Erguida diante da bela Baía do Guajará, era a residência do senhor de engenho Domingos da Costa Bacelar.
Em 1768, foi adquirida pelo governo do Estado para abrigar o Hospital Real, que funcionou ali até 1870. e outras funções militares. Permaneceu nas mãos do Exército até 2000, data do início da transformação em museu.
Hoje abriga o Museu de Arte Contemporânea Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, dedicado à arte contemporânea brasileira. Tem coleções de arte moderna, contemporânea e fotografias de artistas locais e nacionais.Cada uma das onze janelas tem vista para um jardim de esculturas, a Baía do Guajará e o Mercado de Ver-o-Peso. Um navio corveta da marinha também é atração no lugar. É um dos pontos turísticos mais visitados de Belém.
Não tem como vir à Belém e não visitar a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. É como ir à Roma e não ir ao Vaticano. É a única basílica da região amazônica cuja história está ligada à descoberta da imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Foi em 1700 que o caboclo Plácido encontrou a imagem e, no local, construiu uma palhoça, que logo se tornou centro de devoção, de orações e de milagres. Mais de vinte anos depois, foi erguida uma ermida de taipa. E, em 1861 foi criada, se tornou a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, já em alvenaria e administrada pelos padres Barnabitas (ordem religiosa de clérigos mais antiga na história da Igreja). Por diversas vezes, clérigos e autoridades tentaram levar a imagem para outros locais e, independentemente do lugar para onde era levada, desaparecia e ressurgia no mesmo local onde o caboclo a tinha encontrado. E é neste local onde hoje está erguida a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.
É lá também que termina a principal procissão do Círio de Nazaré. Em 2006, a Basílica se transformou em Santuário hoje recebe milhões de fiéis e turista do mundo todo. O projeto, inspirado na Igreja de São Paulo, em Roma, é dos arquitetos italianos Gino Coppede e Giuseppe Predasso. O material para a construção vinha da Europa.
A Basílica tem 62 metros de comprimento, 24 metros de largura e 20 metros de altura, duas torres com 42 metros de altura, 36 colunas de granito maciço, 54 vitrais franceses, 32 medalhões em mosaico de 1,5 metro de diâmetro, 19 estátuas do mais puro mármore de Carrara, nove sinos eletrônicos, um órgão com três teclados e 1.100 tubos. Nos portões da entrada milhares de fitinha simbolizam pedidos, promessas e agradecimentos pelas bênçãos recebidas. Mais de dois milhões de pessoas passam por aqui apenas nos dias do Círio de Nazaré.
Do famoso açaí, passando pelo tacacá, pirarucu, jambu, bacuri, tucupi, cupuaçu, maniçoba, até a castanha do Pará, atualmente conhecida como castanha do Brasil, tudo é bom.
Vamos começar pelo Manjar das Garças. A chegada ao lugar já vale a pena. Instalado no Mangal das Garças, parque zoobotânico, com fauna e flora nativas da região amazônica, o restaurante é um dos melhores da Belém. Apesar de ser bufê, algo que particularmente não gosto por várias razões, a comida é de qualidade.
A mistura de produtos e temperos da região é incrível. Peixe filhote com molho de tangerina, pato no tucupi, palmito com pesto de castanha do Pará se completam com doces de cupuaçu e bacuri, na sobremesa.
Quem não quer experimentar a culinária local, tem opções vegetarianas e sem glúten. O valor inclui entradas, pratos quentes e frios e sobremesas. As bebidas são cobradas à parte. Imperdível.
Dica 1: É melhor almoçar primeiro e passear pelo Mangal das Garças depois. Assim você faz a digestão e se prepara para o jantar.
Dica 2: Não deixe de provar os sucos de frutas locais, como bacuri, cupuaçu, etc.
Dica 3: Não deixe de experimentar o peixe ‘Filhote’. Ele tem esse nome porque deve ser comido quando ainda é filhote (não se engane é um peixe enorme), porque quando fica adulto a carne fica dura.
Do outro lado da Estação das Docas, uma porta se abre e entramos num casarão histórico na esquina das avenidas Presidente Vargas e Boulevard Castilhos França.
O proprietário, Nazareno Alves, nos dá as boas vindas e lembra logo na chegada que o restaurante Point do Açaí é como a cozinha de nossa casa. Os pratos aqui são feitos na hora e o açaí é considerado um dos melhores de Belém.
Tem camarão com açaí, filé com açaí, peixe com açaí, sobremesa com açaí.
Nazareno começou vendendo açaí e hoje comemora o sucesso com três restaurantes e uma fábrica para produção de biomassa do açaí por meio da secagem do caroço da fruta.
O vice-presidente da Avianca Brasil, Tarsício Gargioni, que nos acompanha nesta viagem, lembra sua influência da cidade de Belém na sua vida.
Entre pato no tucupi, bolinhos de pirarucu, camarões e açaí, é claro, a conversa passa pela importância da aviação para incrementar o turismo.Mas como o assunto aqui é comida, não saia do Point do Açaí sem provar o brigadeiro com cacau da ilha de Combu. Divino!
Foi em 1972 que Anna Maria Martins e seu filho Paulo decidiram investir em comida caseira regional de alta qualidade.
A mistura diferente de ervas, pimentas, frutas e outros produtos da culinária amazônica conquistou o paladar e, em pouco tempo o Lá em Casa se transformou num dos melhores restaurantes da cidade.
Hoje, depois de passar por alguns endereços, ele está instalado na Estação das Docas. A cozinha se modernizou e a chef Daniela Martins, de 33 anos, filha de Paulo Martins é quem comanda as panelas.
Desta vez, o restaurante não deixou lembranças.
O serviço foi displicente e demorado.
O prato de caranguejo não deixou saudades.
A sobremesa de queijo e doce de cupuaçu estava muito boa. A comida paraense merece mais atenção e mais cuidado. Espero que sejam feitos ajustes porque o lugar é um ícone gastronômico de Belém.
Tudo começou há mais de meio século. Dona Ruth e Seu Armando Laiun começaram a fabricar picolés com os sabores de taperebá, cupuaçu, muruci e coco. A produção logo agradou aos clientes do boteco na Travessa 14 de Março, em Belém.
À medidaque os clientes gostavam, as opções de sabores aumentavam. A diversidade de frutas e produtos amazônicos ajudou e assim nasceu a Cairu. Em 2014, foi considerado o melhor sorvete do Brasil. Atualmente a Cairu conta com 13 lojas em Belém e 2 lojas no Rio de Janeiro, além de fornecer sorvetes para bares, restaurantes e festas.
O segredo: nada de produtos do mercado, gordura hidrogenada ou conservantes. Aqui é sorvete natural e cheio de sabor. Vale lembrar que o clima de Belém já favorece o consumo de sorvete. Então você nem precisa de desculpa. Prove logo, prove muitos. Imperdível!
Serviço
Endereço: Estação das Docas - Avenida Boulevard Castilho França, Galpão 2 - Campina, Belém - PA, 66010-020
Existem mais de 200 hotéis e pousadas em Belém. Desta vez ficamos hospedados no Holiday Inn Express do Intercontinental Hotels Group - IHG. Localizado a cerca de 12 quilômetros do centro da cidade é uma alternativa para quem vem a trabalho e tem compromissos fora da região central.
São 156 quartos confortáveis e modernos, com café da manhã incluído na diária.
Há salas para eventos e uma academia de ginástica.
Inaugurado há cinco anos, atrai um público que busca boa relação custo-benefício.
Nos dias que estávamos hospedados, a internet wifi deixou a desejar.
O café da manhã, no entanto, surpreendeu pela quantidade de produtos frescos, bolos regionais e opções de pratos quentes e frios.
Não é todo lugar que acordamos com suco de cupuaçu fresco.
Durante nossa estadia em Belém visitamos o hotel Grand Mercure, do grupo Accor. O hotel está no coração de Belém, na Avenida Nazaré, onde passa a procissão do Círio de Nazaré.
A proximidade com os principais pontos turísticos faz com que seja uma boa opção para quem viaja a lazer ou tem reuniões de trabalho na área mais central.
No total, são 173 confortáveis apartamentos, restaurante, room service 24 horas, academia.
Está próximo da Estação das Docas, O Mercado Ver-o-Peso, o Forte do Presépio, o Museu de Arte Sacra do Pará e Theatro da Paz.
Outras comodidades são a piscina, sauna, estacionamento com manobrista e um centro de convenções com capacidade para 600 pessoas. É uma opção central.
É bom comprar a passagem com direito à bagagem porque você não vai resistir. Afinal de contas não é todo dia que você encontra cachaça de jambu, licor de bacuri, bombom de cupuaçu, castanha do Pará de excelente qualidade e fresca.
Tem ainda farinha, biobijouterias, cervejas artesanais.
Dizem que quem viaja a Belém costuma voltar com um isopor para trazer peixe, camarão, carne de caranguejo. Não cheguei a tanto, mas bombons, castanha e licores voltaram na mala.