Paro, Butão - “Preserve nosso rico legado natural: não polua as redondezas. Lembre-se: a natureza é a fonte de toda a felicidade”. A placa está bem no início da subida para o monastério Taktshang, o mais alto do reino do Butão. Uma névoa fina dificulta enxergar com precisão esta obra humana que desafia a natureza. Mais conhecido como “Tiger’s Nest” - Ninho do Tigre, ele foi construído em 1692 por marretas e mãos humanas e parece flutuar nos ares. Pendurado quase que milagrosamente em uma encosta rochosa muito íngreme, está encarapitado a mais de três mil e cem metros de altura na cordilheira do Himalaia. Mais alto que ele, só o monastério de Rongpu, no Tibet.
Em meio a névoa da manhã: sem dimensão do tamanho!
Miro o Ninho do Tigre: o todo poderoso do Butão. Seis horas de caminhada, ida e volta, me separam de Taktshang. Sorridentes, turistas passam montados em cavalos que relincham com toda a força. Não se engane. É possível ir a cavalo, mas apenas por um pequeno trecho. Imprescindíveis: roupas e sapatos muito confortáveis, preparo físico, água e claro, bom humor! Afinal, sem humor a vida não tem graça, certo? “Este é o ponto alto da viagem ao Butão em todos os sentidos. É, antes de tudo, uma conquista pessoal, uma conquista única que você divide consigo mesmo, especialmente aqui, no país da felicidade”. Cristiane Cury, guia e representante da Indo Ásia Tours no Brasil, já esteve dez vezes no Ninho do Tigre. Repito: dez vezes!
Antes da subida: Paulo Panayotis, Adriana Reis, nosso guia, Cristiane Cury (Indo Asia Tours Brasil) e Sudeh Behal( Indo Asia Tours)
“É algo mágico”, completa ela, que ainda avisa que, por lei, guias e agências de turismo são obrigatórios no Butão. “Tudo tem que ser feito por meio de uma agência de viagem que, na prática, cuida de todo o roteiro e se responsabiliza pelo turista perante as autoridades butanesas”.
Crianças budistas antes de atingir o Ninho do Tigre: emoção!
A subida é tranquila no início, mas começa a ficar mais e mais puxada. A trilha, larga inicialmente, se estreita a medida que vai ficando mais íngreme. Gente indo e vindo o tempo todo dificulta ainda mais a peregrinação. Por sorte, há uma parada providencial no meio do caminho. Um chá ou café com bolachas reestabelecem as forças e o ânimo durante a breve pausa. Monges, crianças, gente mais velha, peregrinos, esportistas, enfim, todos seguem para cima como que hipnotizados. E aquele pequeno pontinho, visto logo de manhã em meio à bruma matinal no início da caminhada, começa a ficar grande.
Pausa providencial para café com bolachas
O sol, já alto, ajuda a dissipar a névoa e elevar a temperatura. Mesmo no verão, os termômetros costumam ser cruéis no Butão, especialmente nas primeiras horas do dia e após o por do sol. Ao longo do caminho, bandeirolas coloridas alegram o trajeto. São, como dizem os monges, orações ao vento. Por fim, o presente: o Ninho do Tigre se torna um gigante dependurado a milhares de metros de altura.
Parada para tomar fôlego: quase lá!
Câmeras e celulares são proibidos a partir de um certo ponto. Mas o melhor você já levou na alma, no espírito: o trajeto, a caminhada em meio à natureza em busca da paz e da tranquilidade interior. Para saber o que há lá dentro, você terá que ir ao Butão. Lá de cima, um super bônus: a imagem de um país que tem mais da metade de seu território protegido por rígidas leis ambientais. Um país onde a qualidade de vida é alta, a poluição baixa e praticamente não há analfabetismo. Um país onde o sorriso no rosto é uma marca registrada. E é real, verdadeiro, genuíno. Onde a maioria da população, budista, crê no falo humano como símbolo de proteção e fertilidade. Um lugar onde o dragão, cravado na bandeira e na alma desta gente, é o símbolo de uma nação onde a felicidade é um lugar. Um lugar chamado Butão.
Jornalista Adriana Reis praticamente lá!
Fotos e texto: Adriana Reis / Paulo Panayotis
Os jornalistas Paulo Panayotis e Adriana Reis estiveram no Butão a convite da Indo Asia Tours com seguro de viagem Travel Ace.